terça-feira, 28 de maio de 2019

Opinião & Análise: pode até parecer, porém não foi manifestação espontânea!


        Os manifestos do último dia 15 de maio de 2019 foram promovidos por determinada corrente da sociedade; pessoas que defenderam, com unhas e dentes, a educação e a cultura brasileiras de, no mínimo, boa qualidade, segundo a visão daqueles que discordam do tal contingenciamento de cerca de 30% ((que inicialmente (leia-se: corte no orçamento das instituições públicas de ensino superior)), e que somente atingiria as universidades que se negaram a se enquadrar na política segregacionista dos bolsonaristas; elas seriam apenas três, como inicialmente fora publicado, porém diante da reação em cadeia nacional, o problema se avolumou, e, para demonstrar que não se tratava de uma retaliação, o governo federal estabeleceu que o corte ocorreria em nível nacional e atingiria a todas as universidades federais; todavia, isso não aplacou os ânimos, pois a comunidade acadêmica, que já havia protestado contra o corte orçamentário repressivo, encarou o novo posicionamento governamental como sendo uma represália ainda maior e, assim, encabeçou uma manifestação em todo o território brasileiro contra esse tipo de postura governamental, relativamente à educação dos brasileiros.
Não se dando por convencido, atitude típica daqueles que governam, mas não têm apoio político, mesmo que as eleições tenham ocorrido dentro do jogo democrático delineado e aceito por cerca de trinta anos, e, ainda assim, sendo a cada pleito, o atual Presidente brasileiro, mesmo que vitorioso tendo reclamado da lisura do processo eleitoral, e ainda jamais tenha renunciado ao cargo político sob essa mesma acusação, Jair Bolsonaro, convocou uma espécie de plebiscito de rua, em menos de cinco meses de exercício no comando do Brasil.
Fato é que, Jair Bolsonaro e seus asseclas (leia-se: filhos, apadrinhados e astrólogos), acreditavam que seria uma unanimidade massiva de pessoas nas ruas apoiando os seus anseios e devaneios; evidentemente, nem todos os partidários pensavam assim, a ponto de o Presidente do PSL, Luciano Bivar, partido ao qual o Presidente Bolsonaro é filiado, e pelo qual foi eleito, pôr em dúvida a necessidade dessa tal convocação, vistas que Bolsonaro fora eleito majoritariamente pelo voto popular; todavia, o clã Bolsonaro, no alto da sua petulância, levou adiante esse projeto pré-totalitário com vistas a obter uma aprovação que as ruas não confirmaram. É nítido que o movimento fracassou; o Estadão disse que Bolsonaro está derretendo, de acordo com o portal Diario do Centro do Mundo; na mesma linha de raciocínio, também Ricardo Kotscho  escreveu para o portal  Jornalistas pela Democracia que o “capita” foi às ruas e perdeu de 7 a 1, o mesmo placar vergonhoso por que perdeu a seleção brasileira de futebol para a Alemanha, na copa do mundo realizada no Brasil; fato é que aquele placar desmoralizante não quer dizer nada para a economia ou a estabilidade política nacionais, enquanto que, nesse caso, pode significar uma crise institucional, visto que os Bolsomicos foram às ruas pedindo intervenção militar e no STF, além de elegerem novos atores-alvo de sua ira implacável, Rodrigo Maia (Presidente da Câmara dos Deputados) e Davi Alcolumbe (Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional), além do chamado “Centrão”, de quem eles dependem visceralmente para tudo.
A manifestação que o Presidente Bolsonaro fez questão de dizer numa Igreja, no Rio de Janeiro, que seria espontânea, todo mundo sabe que não é verdade,  e mais uma vez o Presidente agride a inteligência do brasileiro, além disso, perdeu por um placar acachapante de 222 cidades em todos os estados brasileiros mais o DF, contra  156 cidades em todos os estados brasileiros mais o DF, todavia o número de participantes no dia 15 de maio superou  em demasia a participação desse último dia 26 de maio. O problema é que dia 30 de maio deverá ocorrer nova manifestação pelas ruas das cidades brasileiras, essas, sim, espontâneas, e caso superem de novo as manifestações convocadas pelo “capita”, pode ser que ele tenha entrado numa descente definitiva, isto é: dado um tiro no pé conforme afirmara seu correligionário, o senador Major Olímpio (PSL-SP), e tal qual fizera Collor num passado não muito remoto.
No mais é aguarda e conferir...




Raimundo Santos tem licenciatura plena em Letras (Português e Literaturas Brasileira e Portuguesa); é Especialista em Direito Legislativo pela UNILEGIS em parceria com a UnB/UFMS, e é Especialista em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade de Brasília em parceria com a Escola Nacional de Socioeducação/SDH-Presidência da República.

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