sábado, 3 de fevereiro de 2018

Simbiose



Em que pese haver quem não admita, o ano de 2017 foi realmente muito dinâmico e o de 2018 também promete sê-lo; durante o ano passado, o Poder legislativo federal continuou tendo seus integrantes denunciados em muitas delações; o Presidente da República (de bananas) brasileira conseguiu a preços exorbitantes (comprando, com dinheiro da nação, apoio parlamentar e para lamentarmos) enterrar duas denúncias de corrupção contra ele; e, de quebra, por duas vezes nos últimos dois anos a equipe econômica do atual governo federal fez o salário mínimo perder para a inflação (mas quem ganha esse salário nem sente falta de reajuste salarial, não é mesmo?).

Dois meses depois de aprovada a reforma trabalhista houve aumento do desemprego, um prenúncio do que será a reforma previdenciária (comandada pelo senador Eunício Oliveira, um dos maiores devedores da previdência, algo em torno de r$ 8,5 milhões de reais) que jogará o trabalhador na vala dos miseráveis, enquanto aqueles que realmente gozam de privilégios continuarão recebendo gordos salários, até mesmo acima do teto constitucional, como acontece com a casta de políticos, que legislam em causa própria, e da magistratura nacional, que embora seja legal, se constitui em imoralidade receber tantas ajudas de custo, coisa que o simples trabalhador não faz jus, como o auxílio moradia de cerca de r$ 4.500,00 mensais, por exemplo, mesmo quando são marido e mulher e ainda que residam em imóvel próprio.

Os preços administrados pelo governo foram liberados e sobem a bel-prazer, a exemplo da energia elétrica; a petrobrás,  conforme aponta o jornal Correio Braziliense, parece está numa corrida de velocista, ao promover reiteradas majorações de preço dos combustíveis e do gás GLP, que em função do preço tão aviltante vem provocando problema de saúde pública entre as famílias mais vulneráveis, que, por não conseguirem arcar com os preços, compram álcool combustível para cozinhar e findam se acidentando, sofrendo graves queimaduras.

Gente influente no governo federal foi presa pela Polícia Federal e não conseguiu explicar a corrida da mala, tampouco outro justificou como apareceram mais de r$ 51 milhões de reais em um apartamento de uso exclusivo seu; no Distrito Federal, há cerca de três anos o executivo dá calotes reiteradamente nos reajustes salariais previstos em lei, e não resolve o problema da falta de segurança e da saúde públicas, mas com apoio da Câmara Legislativa – CLDF saqueia o fundo de previdência dos servidores públicos distritais.

No Rio de Janeiro, ministros do tribunal de contas foram afastados dos respectivos misteres; deputados da Assembleia Legislativa fluminense - Alerj foram denunciados e presos, incluindo o chefe do poder legislativo local; mesmo assim, continuou uma série de prisões de grandes caciques políticos sendo que alguns deles ainda permanecem enclausurados, outros, todavia, contaram com a benevolência do Ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal – STF para permanecerem fora dos grilhões da justiça. O governador Pezão há anos não paga ou parcela o salário do seu  funcionalismo e perdeu o controle do Estado, sendo necessário recorrer à força nacional e às forças armadas, e ainda assim o índice de criminalidade não arrefece, é alarmante.

Chegou 2018 e em fevereiro celebra-se o carnaval, a festa profana mais famosa do mundo, e os festejos brasileiros mais badalados ocorrem nas cidades do Recife/PE, Salvador/BA e Rio de Janeiro/RJ, além do disso, este é ano de copa do mundo de futebol, de eleições majoritárias nacionais, e muitos candidatos se apresentarão como benfeitores, salvadores da Pátria, enfim; e a população inebriada nesta simbiose se esquecerá de todas as mazelas; e, nesse momento, como que por encanto não haverá mais problemas diante de tamanha festança. Aguarde-se, todavia, a quarta-feira de cinzas.

Raimundo Nonato tem licenciatura plena em Letras (Português e Literaturas Brasileira e Portuguesa) e é Especialista em Direito Legislativo pela UNILEGIS em parceria com a UnB/UFMS.