terça-feira, 29 de novembro de 2016

Poder e corrupção


Desde a apuração do resultado das eleições gerais de 2014, o brasileiro viu intensificar-se, encabeçada por políticos, certos grupos e setores organizados da sociedade nacional, uma campanha salutar de combate à corrupção.

Em primeiro lugar, poucos dias depois de proclamado quem havia sido eleito, segundo informou o portal Yahoo, o PSDB, encabeçado pelo seu candidato derrotado à Presidência da República naquele ano, Aécio Neves, protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedido de auditoria especial para verificar o resultado das eleições presidenciais, pois eles desconfiavam de que poderia ter havido alguma manipulação.

Assim as multidões coloriram as ruas; ocuparam todos os pontos cardeais do país em repúdio às muitas denúncias de corrupção, desvio de verbas públicas, pagamentos de propina, obras superfaturadas, tráfico de influência e tantas outras mazelas que assolaram a já combalida nação brasileira.

Instalaram uma CPI para averiguar crimes de responsabilidade que possivelmente teriam sido cometidos pela então Presidenta da República, Dilma Rousseff; aprovado o relatório da comissão especial e autorizada pela Câmara dos Deputados a abertura de processo contra a Presidenta, ela foi processada e posteriormente cassada pelo Plenário Senado Federal, em 31 de agosto de 2016.

Estabelecido o novo governo, o problema da corrupção e do tráfico de influência, contudo, não estancou; de outra forma, expulsaram os corruptos dos governos anteriores e promoveram o estabelecimento dos corruptos da atual gestão, haja vista que o atual ex-ministro da cultura, Marcelo Calero, se demitiu em caráter definitivo por não aceitar o assédio dos Ministros Geddel Vieira Lima (Foto), da Secretaria de Governo,  amigo particular do Presidente Michel Temer, e Eliseu Padilha (Foto), ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, que pleiteavam a atuação do então ministro Calero em desfavor do IPHAN nacional, de modo que liberasse a construção do edifício La Vue Ladeira da Barra, empreendimento em que Geddel é proprietário de um apartamento estimado em r$ 2.600.000,00, num dos andares mais altos.

O que se percebe claramente é que a velha prática de tratar a coisa pública como se fosse propriedade particular não mudou, basta sentar-se na cadeira do poder, para, de modo escancarado, advogar em causa própria, e, para isso, vale inclusive pressionar colega ministro (Geddel e Padilha vs Calero) ou ministro subordinado (Temer vs Calero).

Geddel inclusive já é velho conhecido da imprensa como sendo um personagem bastante controverso e pouco confiável, portal G1, em sua edição de 25 de novembro de 2016, traz um artigo sobre ele intitulado A trajetória política de Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer, nesse artigo o ex-ministro é apontado como suspeito de ter agido em favor da empreiteira OAS e que em 1993 teria sido envolvido no caso Anões do Orçamento.

Também o portal nossapolitica.net, de 20 de novembro de 2016, informa que Geddel estava envolvido no episódio conhecido em 1993 como anões do orçamento juntamente com seu padrinho político João Alves, deputado baiano do PFL (DEM), um dos mentores da trama de corrupção daquela época e que justificou sua fortuna dizendo que havia ganhado 156 vezes na loteria, apenas naquele ano.

Já os movimentos populares que tanto clamaram por uma país livre de corrupção esmaeceram; seu papel, ao que parece, foi desempenhado com maestria, conseguiram substituir os desonestos de outrora pelos atuais.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Pink and Blue


Tornou-se uma tradição, anualmente iluminar as edificações públicas de todo o País com as cores referentes às campanhas contra o câncer, aqui no Distrito federal e em todo o restante do Brasil.
O mês de outubro é dedicado à conscientização da mulher sobre os cuidados que ela deve ter para se manter com boa saúde, e, em função disso, cobre-se toda a Esplanada dos Ministérios com uma iluminação da cor de rosa.

A Secretaria de Saúde do DF divulga calendário de atividades, palestras, encontros; o titular da pasta concede entrevistas aos telejornais locais e tantas outras coisas; promovem-se, como se fosse fácil, o tão esperado e almejado acesso à saúde pública no DF.

Quem presencia a pompa com que se faz tal campanha pode mesmo chegar a crer que basta se dirigir a um posto de saúde, ou a qualquer outra unidade pública de atendimento à saúde, que tudo ficará resolvido. Não é bem assim. No último dia 3 de outubro de 2016, por exemplo, o jornal Correiobraziliense trouxe uma matéria com alusão à campanha de combate ao câncer de mama.

Já na edição do dia 6 de outubro de 2016, o mesmo jornal publicou matéria que expôs um dado aterrador; segundo noticia o diário, em apenas 24 horas 156 brasileiras descobrem que são portadoras de câncer de mama. O mais terrificante desse dado, é o fato de que essas são as pessoas que tiveram acesso, mesmo que precário, à rede de assistência à saúde. Quantas outras mulheres poderiam ter sido diagnosticadas caso também tivessem tido a oportunidade de consultar um médico e de realizar os exames indicados ?

Do jeito como as coisas são divulgadas, tudo parece está funcionando bem, quando na verdade, sequer funciona mal; ficar sabendo é bom quando há recursos para o devido e adequado tratamento da doença; descobrir que foi acometido de tal enfermidade e não ter como tratá-la na corrida contra a morte certa é desesperador. Abala a paciente e todos os seus familiares.

O portal G1 de 20 de outubro de 2016 fez um levantamento chocante; em plena campanha de conscientização e combate ao câncer de mama, esse veículo divulgou que no DF de um total de doze equipamentos de mamografia existentes na rede de saúde pública, apenas 4 estavam funcionando naquela data, os outros oito equipamentos estariam parados dentro dos hospitais, por falta de manutenção; e, o pior, cerca de oito mil mulheres aguardavam na fila de espera para fazer o exame de mamografia. Não é pouca gente, não. A secretaria de saúde, como sempre, se limitou a informar que  está "("credenciando empresas para ampliar a oferta desse exame e reduzir a fila atual", mas não há previsão para que o serviço seja regularizado.)".

Terminada a campanha do outubro rosa, os órgãos oficiais principiaram uma nova campanha, a de combate ao câncer de próstata, novembro azul ou simplesmente “De novembro a novembro azul - movimento permanente pela saúde integral do homem”,  e o que mais chama a atenção é um dado não menos alarmante trazido à tona pelo portal da Agência Brasil, em 31 de outubro de 2016; segundo a EBC, o "câncer de próstata mata um homem a cada 40 minutos no Brasil"; é muito homem morrendo.

O portal G1 de 1 de novembro de 2016 também informa que os monumentos da cidade de São Paulo serão iluminados com luzes azuis, enquanto que a edição de 2 de novembro de 2016 traz um alerta, que segundo noticiado, o câncer de próstata é o segundo mais verificado na população brasileira masculina.

Não basta fazer campanhas, há que se disponibilizar meios para que as pessoas possam diagnosticar e tratar a doença; campanhas caras e pomposas não servem para nada, a não ser para fazer propaganda de governos incompetentes, pois governos competentes e comprometidos em solucionar as demandas da população não necessitam fazer campanhas publicitárias, seus atos falam por si só.