Tornou-se uma tradição, anualmente iluminar as edificações públicas de todo o País com as cores referentes às campanhas contra o câncer, aqui no Distrito federal e em todo o restante do Brasil.
O mês de outubro é dedicado à conscientização da mulher sobre os cuidados que ela deve ter para se manter com boa saúde, e, em função disso, cobre-se toda a Esplanada dos Ministérios com uma iluminação da cor de rosa.
A Secretaria de Saúde do DF divulga calendário de atividades, palestras, encontros; o titular da pasta concede entrevistas aos telejornais locais e tantas outras coisas; promovem-se, como se fosse fácil, o tão esperado e almejado acesso à saúde pública no DF.
Quem presencia a pompa com que se faz tal campanha pode mesmo chegar a crer que basta se dirigir a um posto de saúde, ou a qualquer outra unidade pública de atendimento à saúde, que tudo ficará resolvido. Não é bem assim. No último dia 3 de outubro de 2016, por exemplo, o jornal Correiobraziliense trouxe uma matéria com alusão à campanha de combate ao câncer de mama.
Já na edição do dia 6 de outubro de 2016, o mesmo jornal publicou matéria que expôs um dado aterrador; segundo noticia o diário, em apenas 24 horas 156 brasileiras descobrem que são portadoras de câncer de mama. O mais terrificante desse dado, é o fato de que essas são as pessoas que tiveram acesso, mesmo que precário, à rede de assistência à saúde. Quantas outras mulheres poderiam ter sido diagnosticadas caso também tivessem tido a oportunidade de consultar um médico e de realizar os exames indicados ?
Do jeito como as coisas são divulgadas, tudo parece está funcionando bem, quando na verdade, sequer funciona mal; ficar sabendo é bom quando há recursos para o devido e adequado tratamento da doença; descobrir que foi acometido de tal enfermidade e não ter como tratá-la na corrida contra a morte certa é desesperador. Abala a paciente e todos os seus familiares.
O portal G1 de 20 de outubro de 2016 fez um levantamento chocante; em plena campanha de conscientização e combate ao câncer de mama, esse veículo divulgou que no DF de um total de doze equipamentos de mamografia existentes na rede de saúde pública, apenas 4 estavam funcionando naquela data, os outros oito equipamentos estariam parados dentro dos hospitais, por falta de manutenção; e, o pior, cerca de oito mil mulheres aguardavam na fila de espera para fazer o exame de mamografia. Não é pouca gente, não. A secretaria de saúde, como sempre, se limitou a informar que está "("credenciando empresas para ampliar a oferta desse exame e reduzir a fila atual", mas não há previsão para que o serviço seja regularizado.)".
Terminada a campanha do outubro rosa, os órgãos oficiais principiaram uma nova campanha, a de combate ao câncer de próstata, novembro azul ou simplesmente “De novembro a novembro azul - movimento permanente pela saúde integral do homem”, e o que mais chama a atenção é um dado não menos alarmante trazido à tona pelo portal da Agência Brasil, em 31 de outubro de 2016; segundo a EBC, o "câncer de próstata mata um homem a cada 40 minutos no Brasil"; é muito homem morrendo.
O portal G1 de 1 de novembro de 2016 também informa que os monumentos da cidade de São Paulo serão iluminados com luzes azuis, enquanto que a edição de 2 de novembro de 2016 traz um alerta, que segundo noticiado, o câncer de próstata é o segundo mais verificado na população brasileira masculina.
Não basta fazer campanhas, há que se disponibilizar meios para que as pessoas possam diagnosticar e tratar a doença; campanhas caras e pomposas não servem para nada, a não ser para fazer propaganda de governos incompetentes, pois governos competentes e comprometidos em solucionar as demandas da população não necessitam fazer campanhas publicitárias, seus atos falam por si só.
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