Em 18 de março de 2019 vários jornais e portais de comunicação nacionais publicaram que o Brasil, sob a batuta do governo Bolsonaro, materializou o maior e jamais visto complexo de cachorro vira-latas. Basta lembrar que o Brasil, tradicionalmente, tem adotado o princípio da reciprocidade nas relações internacionais, e isso aconteceu no caso em que envolveu os dentistas brasileiros em Portugal; noutras palavras e de maneira bem simplória, o governo brasileiro adota em relação aos estrangeiros no Brasil os mesmos (ou semelhantes) tratamentos destinados a brasileiros, noutros países; nada mais justo.
No ano de 2011, o tio Sam adotou uma série de medidas restritivas para a entrada de brasileiros em seu território, e elas abarcaram turistas, estudantes, intercambistas, e profissionais como pilotos da aviação aérea comercial da pátria amada Brasil, que foram todos (ou quase todos submetidos a identificação civil nos EUA); como não fora possível contornar a situação via burocracia, o governo pátrio brasileiro aplicou a regra da reciprocidade, qual seja: todo e qualquer cidadão estadunidense que ingressasse no território nacional brasileiro teria de ser submetido ao mesmo tratamento de identificação civil.
O pitoresco é que os cidadãos estadunidenses, do alto da petulância que lhes é peculiar, não aceitaram ser tratados aqui como os brasileiros eram tratados pelas terras da “grande Águia”, e, assim, o piloto de aeronave comercial americano Dale Robbin Hersh, na hora de sua identificação, mostrou o dedo médio a sete agentes da Polícia Federal brasileira, a nossa gloriosa PF, no desembarque ocorrido no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos/SP, fato é que tal atitude desrespeitosa, demonstrando total desapreço pelas nossas autoridades fora registrada pelas câmeras fotográficas da Polícia Federal brasileira. Os Agentes da PF só perceberam a obscenidade somente algum tempo depois, e por isso detiveram o piloto desrespeitoso e mal-educado, que para ser solto, o piloto transgressor teve de pagar multa de R$ 36 mil. A reação do governo brasileiro à época, não só foi tempestiva, como em defesa da soberania nacional, em que pese discordarem os entreguistas de plantão, atuais.
Com a mudança de governo a partir de 1º de janeiro de 2019, se estabeleceu uma sucessão de alinhamento ideológico (mesmo que o Bolsonaro, em sua campanha eleitoral, se tenha posicionado contrário a alinhamento de qualquer espécie); Bolsonaro adotou uma política de submissão ao tio Sam e tantas outras atitudes depreciativas da imagem do brasileiro, dentro deste País e no estrangeiro, a ponto de museus e vários jornais, como o New York Times, o Washington Post, Le Monde, o The Guardian, e personalidades de relevância internacional (prefeito de Dallas, Mike Rawlings, e o prefeito de New York, Bill De Blasio) repudiarem e rejeitarem ostensivamente o chefe de Estado do Brasil, que vergonha!
Já em 18 de março de 2019, os portais oantagonista e epocanegocios publicarem que Bolsonaro dispensara do visto de entrada nas terras brasileiras os americanos dos EUA, em que pese todo o histórico daqueles cidadãos, e que a decisão de Bolsonaro não implica qualquer contrapartida dos países contemplados, que continuarão a exigir vistos para turistas brasileiros, esse posicionamento de Bolsonaro se traduz numa clara afronta à dignidade e à inteligência dos brasileiros e à regra da reciprocidade.
Assim, dia 20 de março de 2019, o portal oglobo assevera que num acordo desequilibrado, o Brasil fez concessões concretas e recebeu apenas promessas vazias durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a washington, e, em 27 de março de 2019, o mesmo portal oglobo escancarou algo que parecia impossível a uma nação livre e soberana fazer, isto é: o Brasil (leia-se: Bolsonaro) concedeu aos estadunidenses o direito de inspecionar a base de Alcântara/MA, sem aviso prévio, algo inusitado, pois deveríamos estar esperando que fosse exatamente o contrário, ou seja: que as autoridades brasileiras inspecionassem a nossa base, sem aviso prévio.
A cereja do bolo, melhor dizendo: a saga de sandices e de desatinos praticada contra todos os brasileiros, além dos desavisados eleitores bolsonaristas, que, em sua maioria, a tudo aplaude, deu-se nesse dia 2 de junho 2019, quando o portal r7.com anunciou que agora o visto para brasileiros que desejem entrar naquele país (EUA) depende de informar dados de suas redes sociais. E, assim, os brasileiros bolsonaristas continuam aplaudindo o tio Sam e ao nosso presidente submisso, que bate continência para a bandeira estadunidense, e que a todos nós submete a vexames internacionais.
Raimundo Santos tem licenciatura plena em Letras (Português e Literaturas Brasileira e Portuguesa); é Especialista em Direito Legislativo pela UNILEGIS em parceria com a UnB/UFMS, e é Especialista em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade de Brasília em parceria com a Escola Nacional de Socioeducação/SDH-Presidência da República.
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