Opinião & Análise
A democracia ganhou e o Brasil saiu maior
Nesse ano o Brasil assistiu a situações bizarras como evangélicos e até católicos ombreados com Bolsonaro fazendo símbolo de armas apontadas para os "petralha"; subiam em palanques políticos e iam a púlpitos, sempre empunhando as mãos como se fossem armas. Pastores os mais fervorosos como Silas Malafaia, Valdomiro Santiago, Marcelo Crivella e Magno Malta defenderam tais sandices.
Alinhadas a essas ideias extravagantes, nesse ano houve uma gande quantidade de pessoas que se elegeram sob a bandeira do combate à corrupção, do endurecimento do arcabouço legal, da intolerância racial, de gênero, e da diversidade de pensamento político. Figuras estranhas surgiram no cenário político como a do então Juiz Sérgio Moro, que se utilizou da toga em beneficio próprio e se tornou o mais importante cabo eleitoral de Bolsonaro; construíram uma facção da qual comungaram Janaína Pascoal, o ex-juiz Wilson Witzel, João Dória, Kim Kataguiri, Alexandre Frota, entre tantos outros.
O grande teste das urnas se deu em 2020, quando da realização das eleições gerais municipais; o Partido dos Trabalhadores não saiu ileso, na verdade saiu ferido de morte, tamanha foi a campanha de difamação realizada desde 2014 pela corrente política de centro, de direita e de extrema-direita que se juntaram com dois objetivos principais, vencer as eleições e banir todo pensamento contrário ou mesmo divergente; com isso, o Partido dos Trabalhadores encolheu não venceu em uma única capital, ou mesmo cidade de grande importância, logo o Partido dos Trabalhadores não só diminuiu em tamanho, como também em importância no cenário político nacional.
O bolsonarismo foi na mesma linha, cria-se que ele cresceria em 2020, contudo o Presidente Bolsonaro não conseguiu alavancar o seu Aliança pelo Brasil, e tratou de eliminar seus antigos correligionários como o atual ex-governador Wilson Witzel (PSC-RJ), Governador Carlos Moisés (PSL/SC) e até o governador João Dória (PSDB-SP), com quem trava uma briga particular em torno de uma provável vacina contra o COVID-19. Enrolado com seus familiares envoltos em casos de corrupção, usa todas as armas para protegê-los de investigações, troca ministros, superintendentes da Polícia Federal do Rio de Janeiro, se utiliza do foro privilegiado em seu favor próprio e dos seus parentes, instituto ao qual sempre se referiu como sendo para proteger bandido.
A constatação de que não foi só o Partido dos Trabalhadores decresceu é o fato de que os candidatos a prefeito de capitais apoiados por Bolsonaro ruíram ainda no primeiro turno das eleições, em Recife Mendonça Filho, em São Paulo Celso Russomano, no Rio de Janeiro Marcelo Crivela (segundo turno) mesmo com a força da Igreja Universal.
Há todavia que se observar que os partidos do centrão (MDB, PP, PODEMOS, DEM, PSDB, etc.) saíram vitoriosos, mesmo assim a esquerda se saiu bem dentro das circunstâncias, em Fortaleza (vitória) com o PDT, em Porto alegre o PCdoB deixou sua marca com a Manuela D´ávila, e o PSOL saiu grande desse pleito pois conseguiu emplacar Belém/PA com Edmilson Rodrigues e fez Bonito em São Paulo com Boulos. Isso mostra um novo retrato das esquerdas brasileiras, se até então os demais partidos progressistas orbitavam em torno do Partido dos Trabalhadores, isso deixou de existir, eles têm vida própria, podem e devem caminhar com as próprias pernas, sem jamais se esquecerem de lutar em conjunto, de remar de maneira coordenada e sempre na mesma direção.
Resta às esquerdas de modo geral e principalmente ao Partido dos Trabalhadores (PT) fazer uma autocrítica, perceber que ele (PT) não é mais a estrela-rainha, que precisa fazer alianças, que é necessário fazer concessões, afinal outros bons partidos progressistas estão aí, ávidos de realizar a boa política e que podem fazê-la, que o Partido dos Trabalhadores perceba que nem sempre é possível ser o cabeça de chapa, e às vezes nem mesmo é possível compor a chapa, mas tão-somente apoiá-la, defendê-la, enfim.
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