Um retrato da crise econômica por que passa o brasiliense se reflete no ensino particular; várias notícias foram divulgadas no início de 2019; esses informes davam conta de que a rede pública de ensino do DF estava recebendo um grande contingente de alunos provenientes dos colégios privados.
A demanda por vagas estudantis nas escolas públicas pode ter várias origens, contudo a mais decisiva, certamente é a financeira; o Distrito Federal tem um alto índice de desempregado ou subempregado; caracteristicamente, Brasília é uma cidade administrativa, pois tanto é sede do governo local, como do governo federal, e ambos os governos, há anos, elegeram o servidor público como o causador de todos os problemas financeiros por que passam; o remédio adotado para sanar ou amenizar seus problemas financeiros foi fazer economia com os salários dos servidores públicos, por meio da política de negação de pagamentos de reajustes salariais a que essa categoria faz jus.
Diante de anos a fio de arrocho salarial, com a inflação vez por outra beirando os dois dígitos, o servidor público deixa de injetar dinheiro na economia brasiliense, diminui a contratação de serviços, a exemplo dos serviços de ensino particular, que por sua vez mergulham em crise financeira, tornando-se inadimplentes para com os salários dos seus funcionários, inclusive professores.
É um círculo vicioso sem-fim, o servidor público com sua renda carcomida pela inflação, diminui o consumo ou até mesmo cessa, naquilo que for possível; assim, o comércio e os serviços faturam menos, levando o governo a arrecadar menos tributo, impostos enfim.
Os colégios particulares com cada vez menos alunos e cada vez mais pais-responsáveis-alunos inadimplentes também se tornam não pagadores, restando a esses estabelecimentos a dura decisão de encerrar suas atividades, a menos de dois meses do fim do ano letivo; e disso advêm muitas consequências, dentre as mais perturbadoras, estão uma multidão de alunos sem aulas e nas proximidades do ENEM, além de uma enxurrada de estudantes tentando uma vaga noutras escolas que ainda resistem à crise, e até mesmo nas escolas públicas do DF.
Exemplo cabal pode ser constatado no periódico Correio Brasiliense, de 30 de outubro de 2019; essa edição traz uma reportagem informando que depois do Colégio Alub ter encerrado suas atividades de ensino, desde o dia 18out19 por problemas financeiros (depois de anos nessa estrada), nessa data foi a hora e a vez do Colégio Max Well pôr fim os seus serviços, também acometido de problemas de ordem financeira; é a política neoliberal destruindo aposentadorias, pensões, empregos e a educação, por fim.
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