quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Outra versão...

A minha vida é uma noite sem fim, sem estrelas e sem Lua, uma escuridão eterna; vivo tal qual um cego, a tatear; as minhas pernas vacilam, os meus passos são em falso...
Não tenho perspectivas, ou melhor, eu as tenho, contudo não são as melhores; os meus dias se esvaem como a água a escorrer por entre os dedos das mãos; eu me sinto perdido, a vida já não me faz nenhum sentido...
Acredito que não sou forte nem fraco, eu apenas sou..., ou quem sabe seria? Não sei..., não tenho a resposta, estou muito confuso; talvez eu seja mesmo confuso...; sinto que apenas estou vagando..., e mal, pela vida; ela já não me faz sentido algum; só sei que vivi bastante..., criei os meus filhos, os filhos da minha carne e que também são os filhos do meu coração e do meu espírito; vi meus netos, a quem tanto amo, nascerem, e quanta felicidade..., senti-me como se eu estivesse renascendo; eu os vi nascer; obrigado meu Deus..., eles estão crescendo..., talvez eles, no futuro, reputem a mim mais valor do que o que mereço, porém menos do que o reconhecimento que meus filhos e outros devessem reconhecer..., o tempo dirá e, se Deus quiser, não estarei mais aqui para presenciar...
Tenho, nesse instante, a sensação de que apenas estou vagando pela vida...; vida vadia..., vida meretriz..., diriam uns, outros porém, podem até mesmo discordar..., eu, contudo, sinto que apenas estou indo pela prostituta vida e ela já não  me faz nenhum sentido, não me concede nenhum prazer..., mas é avarenta.
O meu espírito se compraz na minha prole, não obstante isso, nela não encontra amparo, não encontra a paz, não encontra conforto nem segurança;  o meu espírito dentro da sua sapiência só me confunde; alguém já disse: Não sou poeta, sou triste.
E eu digo que a vida não me tem sido mãe, ela se tem revelado "má-drasta" no sentido literal da palavra.

3 comentários:

  1. A noite tem fim, porém nela se encontra o amparo da escuridão, nela estão os pensamentos que a luz do dia esconde, que os olhos insistem em ludibriar nas cores do dia. A noite oculta o barulho dos passos dados, mesmo os dados em falso, ela existe para que não possamos ver o caminho já percorrido e para que por um breve instante possamos imaginar que ainda é só o começo.
    A perspectiva é mera vontade do inconsciente, ansioso pela conquista já certa.
    Seu valor não há como mensurar, sua prole lhe ama pelo que lhes proporciona todos os dias, as lembranças do pai que não foi amoroso, não foi aquele pai que comprava sorvetes e balões, mas sim o pai que soube ensinar o valor de um prato de comida oferecido à um desconhecido, o pai que ensinou a não desistir porque o mundo pode ser conquistado e que cada conquista não é o bastante para saciar o insaciável, o pai que ensinou a ganhar e nunca comemorar demais para que não ficássemos parados no primeiro êxito. Ensinou também que cair é aceitável o inaceitável é se conformar com a queda e permanecer no chão.
    A vida, esta puta bastarda, deve ser usufruída de todas as formas possíveis, deitar-se com ela e saciar-se em seu corpo por breves momentos, não é motivo suficiente para deixá-la acordar em sua casa, trocar a cor de suas cortinas, tomar toda a cerveja de sua geladeira, lhe roubar o cartão de créditos para comprar roupas caras e se exibir para outros. Leve-a como um copo de água na cabeceira, desfrute durante a noite, mas quando o sol nascer o jogue na pia junto com os demais, afinal é só mais um copo.
    O amparo em mim, parte de sua prole, nunca será nem de perto o que tens por direito, pois meus braços são pequenos diante sua grandiosidade, no entanto tentarei, como vi por diversas vezes, fazer o milagre de ficar enorme e mesmo em vão dar-te o caloroso abraço que diversas vezes recebi.
    Lembro do homem que forjou meu caráter, que me ensinou a crescer mesmo sendo pequeno, só me pesa a alma conhecer essa “outra versão” e assim como na maioria dos filmes, essa versão do diretor não é nem de longe tão fabulosa quanto a que eu conheço e vivo todos os dias, a versão original.

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  2. Este é o meu filho.O poeta oculto de grandiosas palavras.Mãe.

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